A inocência vem antes da felicidade
Se a inocência morre a felicidade também?
É satisfação pessoal momentos zen
O meio de um processo gera felicidade?
Nunca aprendi a ser só mesmo
A solidão é o entojo da tristeza rondando
E eu que no meio do crescimento
Deparei-me com a intolerância e recuei
Quando voltei encontrei um mundo maior
E eu que reclamava do torpor dionisíaco
Deparei-me o único ainda com Baco
Tudo tão maior não me cabia mais
De tanto amado passei ao desprezo
Silêncio, telefone mudo, tapete puxado
Recomeço do zero como há anos atrás
Nem digo que ta ruim pode ficar pior
Inda me resta uma mãe no almoço
Um irmão que acode no alvoroço
Um amor eunuco que odeio e amo
Ele termina sendo minha companhia
Sem sexo, duros momentos, lamentos
Mas me ama e isso a mim basta
Que espiral é essa que me brocha
Atola-me no fundo e grito profundo
Irritando os mal amados e bem pagos
Sou eu novamente o louco irresponsável
Ninguém quer saber se fui mal recebido ao voltar
Se minha dignidade não me deixou concordar
Em baixar a cabeça pra bicha perigosa, poderosa
Burra, maldosa, invejosa que controla o leme
Dessa barca furada antes barco viking
Bússola orientada por mim agora roubada
E esse é meu caminho e hoje o mundo cresce
E ele o idiota de Kurosawa leva chute porrada
Mas não tem nada contra ninguém entende
São os personagens sociais máscaras banais
Mas ela, a deusa musa que me ama respeita
Embevecida com o crescimento do poder
Há de me aceitar, por no braço, entender?
Hoje encontrei um mundo todo contra mim
Até porque já tão longe dele estou
Claro que tão logo outro me adotou
Mas o deuso muso eunuco maluco amado
Avisou você está no seu melhor momento
E eu to por aí amando meus poemas
Pensando em reencarnação surpreso
Achando que a morte é bem vinda, linda
Se há vinte anos não acreditava hoje menos
Logo agora isso e eu no retorno clássico à natureza
Refluxo da correnteza é a vez da maldade
Enfiar o dedo no olho ferido da atordoada beleza