quinta-feira, 22 de outubro de 2009

ESSE CHEIRO...


Esse cheiro de desgaste satisfatório no ar

Tesão pleno de vida realização total corporal

O olhar perde-se por cansaço e a visão vai ficando flou

A anti-saúde o avesso da juventude obtusa rebeldia

O corpo precisa de sensações como o cérebro de informações

Ouço meu coração cansado respirar aliviado compassado

Ontem turbulência, taquicardia, mágico gozo nevrálgico

A foto de hoje: se morresse agora velariam meu sorriso


PRA ONDE VOCÊS VÃO


Pra onde vocês vão nessa seriedade
esse momento burocrático não me cabe
As parcerias são construtivas mas entediantes
enfadonhas reuniões com trocentas instituições
todo mundo louco atrás de dinheiro
minha casa é linda não moro em pardieiro
corri feito louco pra chegar aqui
mas não quero viver num cativeiro
tenho medo da política paralítica
mas quero ser mais valorizado
te amo nega você me fez respaldado
mas preciso que o poder não me afaste de você
você acha que sou mais jornalista que poeta
e me acho mais eremita que profeta
posso viver sem nada lá em cima da montanha
mas tudo que faço é você quem ganha
não deixe que destruam nosso amor
desça desse patamar veja onde eu estou
há uma tristeza aqui dentro que não sei se você sabe
todo mundo entra no meu coração mas ninguém nele cabe
tudo é tão pseudo-profissional ao seu redor
que tenho saudade de olhar os vales e a lua cheia com você
e logo eu que não tenho nenhum parentesco pra te ter
quero que você supere novamente o pior
e me leve com você pra onde há sol
porque o por do sol é o nosso passado
e com você posso ficar ilhado
que amarei sempre o mar, o mato o arado
tem tanta gente ao redor de você
que você não consegue me ver
sempre falei pra todo mundo
que você é o que resta de selvagem na cidade
logo você, a luz mais otimista de um mundo melhor
me deixa novamente distante de tua mente
estou aqui no silêncio da minha loucura
tentando estar do seu lado apesar das agruras
não é esquizofrenia é que não há mais sintonia
entre mim e você sempre haverá prazer
e eu quero continuar te vendo sendo seu
me dá tua mão, pega meu coração deixa o resto morrer







A INOCÊNCIA VEM ANTES


A inocência vem antes da felicidade

Se a inocência morre a felicidade também?

É satisfação pessoal momentos zen

O meio de um processo gera felicidade?

Nunca aprendi a ser só mesmo

A solidão é o entojo da tristeza rondando

E eu que no meio do crescimento

Deparei-me com a intolerância e recuei

Quando voltei encontrei um mundo maior

E eu que reclamava do torpor dionisíaco

Deparei-me o único ainda com Baco

Tudo tão maior não me cabia mais

De tanto amado passei ao desprezo

Silêncio, telefone mudo, tapete puxado

Recomeço do zero como há anos atrás

Nem digo que ta ruim pode ficar pior

Inda me resta uma mãe no almoço

Um irmão que acode no alvoroço

Um amor eunuco que odeio e amo

Ele termina sendo minha companhia

Sem sexo, duros momentos, lamentos

Mas me ama e isso a mim basta

Que espiral é essa que me brocha

Atola-me no fundo e grito profundo

Irritando os mal amados e bem pagos

Sou eu novamente o louco irresponsável

Ninguém quer saber se fui mal recebido ao voltar

Se minha dignidade não me deixou concordar

Em baixar a cabeça pra bicha perigosa, poderosa

Burra, maldosa, invejosa que controla o leme

Dessa barca furada antes barco viking

Bússola orientada por mim agora roubada

E esse é meu caminho e hoje o mundo cresce

E ele o idiota de Kurosawa leva chute porrada

Mas não tem nada contra ninguém entende

São os personagens sociais máscaras banais

Mas ela, a deusa musa que me ama respeita

Embevecida com o crescimento do poder

Há de me aceitar, por no braço, entender?

Hoje encontrei um mundo todo contra mim

Até porque já tão longe dele estou

Claro que tão logo outro me adotou

Mas o deuso muso eunuco maluco amado

Avisou você está no seu melhor momento

E eu to por aí amando meus poemas

Pensando em reencarnação surpreso

Achando que a morte é bem vinda, linda

Se há vinte anos não acreditava hoje menos

Logo agora isso e eu no retorno clássico à natureza

Refluxo da correnteza é a vez da maldade

Enfiar o dedo no olho ferido da atordoada beleza