sábado, 31 de outubro de 2009

POETA DOIDO - Hélio Costa


Sou um poeta doido à deriva

Nem uma nau em alto mar

Que tanto te diz. “Ora viva”

Como logo se esquiva

Da chama do teu olhar

Sou poeta doido que se esconde

Sou olhar azul que se atreve

Sou nuvem vinda não sei de onde

Sou pássaro que voa não sei para aonde

Só espero que o vento me leve

Sou poeta doido por te ver

Poeta com alma de gente

Sou doido por te querer

Sou doido por te esquecer

Sou sol que desmaia no poente

Sou poeta doido que te chamo

Doido de mais por te beijar

Sou o eco que te aclamo

Sou doido por quem amo

Doido de mais por te amar

Sou poeta doido sem lamento

Mas lamento e escrevo

Com a tinta do pensamento

Sobre as folhas do sentimento

Por ser doido a tal me atrevo

Sou poeta doido que me disperso

Não pertenço ao mundo dos sábios

Poeta perdido no universo

Achado na magia de um verso

Escrito nas muralhas dos lábios

Sou poeta doido a vaguear

Nas entranhas do céu nublado

Doido por não saber sonhar

Mais que doido por amar

Quem nunca devia ter amado

Sou poeta doido sem quimera

Sou vento sem aragem

Poeta doido que venera

O encanto da tua imagem

Poeta doido mal amado

Sonhador sem anseios

Poeta doido mergulhado

Na profundeza dos teus seios

Sou poeta doido sem aprume

Archote aceso pela paixão

Poeta adormecido no ciúme

Embriagado pelo perfume

Que sai do teu coração

Sou poeta doido que fareja

A tua proximidade

Poeta doido que pragueja

Nas ondas da ansiedade

Sou boca louca que beija

O rosto da tua amizade

Sou poeta doido que te deseja

Mil anos de felicidade


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