O Jacintinho é uma cidade que não dorme
Um shopping aberto 24 horas por dia
Uníssona na pseudo moderna Maceiork
Pra dormir no Jacintinho
Nem precisa de ventilador
É um friinho, chão geladinho
A água aqui é muito boa
Mas boa mesmo é a feira
E essa gente sem besteira
Essa gente morena, plena
Homens, jovens nas calçadas,
Velhinhos de chapéus
Mulheres sem véus,
Negros de camisa
Pra não serem confundidos
Com ladrões pelos grilhões
No meio da rua, na feira
Esse formigueiro quente de gente
Acordar cedinho no Jacintinho
Cinco e meia pra comprar o pão
Inda tem gente de copo na mão
E trabalhadores já no ponto do busão
Quero mesmo é me perder descalço
Em labirintos sem percalços
Vendo as barracas de madeira
Mercados de frutas, ervas, raízes
Remédios pra dores, brochas, cicatrizes
Tem lojas com blusas de cinco reais
Mas as de móveis são caras demais
Bananas maduras, acerolas novinhas,
Uvas sem sementes e goiabas limpinhas
Alecrim, hortelã, erva-doce, canela
Lojas CDs e DVDs piratas, de panelas
De roupas, moveis e eletrônicos usados
Tem de tudo nesse Jacintinho imperioso
Ciclista, pedestre que atravessa impetuoso
Transitam melhor que motoristas assustados
Mas se tá com pressa não pegue a Via Expressa
Em horário de rush o trânsito é lento e emperra
Já experimentou morar ou passar dia no Jaça?
Vai conhecer uma gente educada, feliz, amada
Fazer amigos, desfrutar de alegria familiar
Sentar nas mesas,tomar café quentinho, jantar
Passar manteiga no pão morninho do Jacintinho
Ao contrário do que se pensa e se preconceitua
As pessoas dão bom dia, boa tarde e boa noite
Mas não pense que essa cidade vai ser facilmente tua
Não pense que vai poder usar essa gente decente
Lá você precisa ser aceito, buscar o seu respeito
Porque a humildade também tem os seus preceitos
O Jacintinho e seu povo são uma luz no meu caminho
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