domingo, 18 de outubro de 2009

CARTA PARA UMA AMIGA


por enquanto é melhor mesmo

nos falarmos por email ou pelo Orkut

a gente se encontra a qualquer momento

pelas escadarias daquele prédio quente

ou em algum evento a favor das minorias

comuniquei que estava saindo

e não era frescura minha

não somos obrigados a conviver

com o mau humor constante

ou vivermos sempre culpabilizados

por aquilo que não cometemos

ou, se cometemos, teve valor irrisório

e descartável perante a beleza da vida

e a construção de parcerias

(e não de subserviências)

eis que essas só visam o bem;

perante o próximo passo

eis que a vida anda para frente

cada um que lave sua persona como quiser

e não deságue mazelas no rio alheio

ganho pelas amizades que fiz

experiências que adquiri

enfrento suavemente

mudanças abruptas

o projeto deve dar certo

- porque o povo é credo -

exceto por essa "síndrome da vírgula"

que busca até o deslize dos pares

e provoca reações em cadeia

de temor, insegurança e revide

não há dinheiro que compense

a perda da paz de espírito

recomeço com o olhar no horizonte

não acredito no controle exacerbado

nem na crítica carregada de desconfiança

lembra-me George Orwell, em “1984”

ou, num viés avesso,

a elegância e o refinamento de Oscar Wilde

não guardo mágoas e mantenho admirações

são típicas reações às duras ações da vida

nem rancoroso, nem truculento

cuido do meu jardim,

passeio com os labradores pela praia

acendo a luz do espelho d'água

e nado meus peixes à noite

levo a cacatua para assistir

ao mar manhã cedinho

tenho ficado muito ao lado

da senhora minha mãe

usufruo de sua bondade e me enternece

o seu lento desistir das coisas

hoje é sábado, o dia amanhece

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